Quando
dizia para as pessoas que era um estudante de Psicologia, muitas delas reagiam
de uma forma engraçada, perguntando o que eu via em gente “louca”. Hoje, como
profissional, a reação muda um pouco.
A
maioria das pessoas não diz nada no começo, mas quando surge a pergunta “você
já pensou em fazer terapia?”, a primeira resposta costuma ser uma das
seguintes:
Eu conheço um amigo que faz e gosta, mas não sei se isso é para mim...
Até já pensei em fazer, mas não sei o que falar quando estiver de frente com o psicólogo...
TERAPIA É COISA PRA LOUCO!
Eu conheço um amigo que faz e gosta, mas não sei se isso é para mim...
Até já pensei em fazer, mas não sei o que falar quando estiver de frente com o psicólogo...
TERAPIA É COISA PRA LOUCO!
Destaco
a última resposta, pois foi ela quem me levou a escrever este artigo. Afinal, o
que é loucura? Será que “de louco, todo mundo tem um pouco”?
Para
começar pelo começo, vale a pena falar de que loucura estamos falando. Quando
eu digo a palavra LOUCO, a primeira imagem que você visualiza na mente é de uma
pessoa descontrolada, fora de si, fora do controle. A esta imagem, damos o nome
de estereótipo.
Construímos
esta imagem a partir do que vimos em filmes, músicas, livros ou por
experiências que tivemos durante as nossas vidas. A partir destas imagens,
compreendemos que os “loucos” devem ser evitados pelo simples fato de que não
podem ser entendidos, porque fugiram do padrão, estão fora da norma (daí vem a
expressão a-normal).
Mas
espere aí. Quem criou a norma? Quem determinou o padrão? Se não foi eu ou você
o responsável por isso, porque continuamos afastando estas pessoas de nós?
Se
não somos iguais, ser diferente é normal, e não o contrário!
Nós,
profissionais da Psicologia, e nosso Conselho Federal, somos totalmente
contrários ao encarceramento destas pessoas ou qualquer ação que busque
afastá-las da sociedade. Elas precisam sim de um tratamento especializado, e
isso deve ser garantido pelas políticas de saúde dos nossos municípios.
A
política do “o que os olhos não veem, o coração não sente” é desumana, e tudo o
que precisamos fazer em situações como essa é humanizar, tratar como seres
humanos que são, dotados de emoções e sentimentos.
Estamos
conversados?
Nossa
profissão está envolvida de preconceitos por conta de pensamentos como esse, e
procurar um psicólogo para fazer terapia significa de alguma forma “passar para
o lado negro da força”, eu entendo.
O
que posso te dizer é que pode estar perdendo (e muito!!) pelo medo de arriscar.
Consegue
se lembrar de quando era criança e dizia que não gostava de um alimento mesmo
antes de experimentá-lo? O raciocínio é o mesmo.
De
perto, ninguém é normal, somos todos imperfeitos. E aprender com as próprias
imperfeições e tomar consciência de coisas em você que jamais imaginou são
tarefas que um profissional pode te auxiliar a cumprir.
O
maior risco que corre diante de um psicólogo é descobrir que sua loucura parece
um pouco com a dele.
E nisso, não há problema algum.